Imprensa Herdeira dos Sofistas

A imprensa tradicional herdou o papel dos sofistas na disseminação de narrativas persuasivas sem conexão com a realidade

Ronaldo Bastos

9/20/20251 min read

Depois que Protágoras proferiu sua célebre frase - “o homem é a medida de todas as coisas” - lançou as bases do relativismo e, simultaneamente, as do subjetivismo, fazendo desmoronar o edifício das verdades absolutas dos filósofos humanistas como Sócrates e Platão, sendo estes, inclusive, críticos viscerais dos sofistas.

O relativismo inaugurado pela “escola” sofista se concentra, fundamentalmente, na ideia de que a verdade depende do sujeito, do observador, e não dos objetos em si mesmos. Em outras palavras, a verdade não existe independente do sujeito. Dessa revolução filosófica derivaram algumas escolas de pensamento, tais como a erística, a retórica, a nominalista e etc. E além disso, formou exímios demagogos, digo, oradores, cuja função na ágora era precisamente persuadir a audiência, em vez de revelar a verdade subjacente aos fatos.

Atualmente, a internet e, particularmente, as redes sociais herdaram o papel da ágora pública, local de reunião e deliberação dos assuntos concernentes à pólis, cidade-estado grega. E a imprensa tradicional herdou o papel dos sofistas, cuja função é disseminar narrativas persuasivas, desprovidas de qualquer fundamento na realidade, mas agradáveis aos “patrocinadores”.

Aliás, o pagamento pela transmissão do conhecimento era o ponto de atrito entre Sócrates e os Sofistas, visto que para Sócrates o conhecimento não era um monopólio privado, mas um bem público que estaria disponível para quem ousasse adquiri-lo.

Assim, como forma de superação desse desafio que se impõe na atualidade, cabe a cada indivíduo buscar o autoaperfeiçoamento por meio dos grandes clássicos da literatura filosófica, histórica e política, ciências humanas por excelência, com vistas a adquirir sua liberdade e autonomia de pensamento, evitando, assim, a escravidão ideológica catalisada pelas redes sociais.